Infâmia: Nomes: Anne Frank: Amesterdão: A clarabóia, num sórdido sótão, dava para as nuvens, substância sonhada. O’Neill: Viciosa, indolente existência, anelos da fraternidade. Lima: Povoaste com figuras aladas, bailarins, trapezistas o horto amargurado. Hölderlin: Fundura alemã, sopro criador, vinho divino, ancestral angústia. Vian: Ligeireza, plumas, golpes dum clarim, despedaça-se o verde coração. Pagnol: Térrea tua saga, moura, francesa e ociosa. Duval: Cantavas: Havia sorrisos que atravessavam a rua. Machado de Assis: Excelente tabelião do idioma. Brel: Golpeados os fios que moviam a marioneta, eis-te em fuga ante ti próprio. Junqueiro: Luz mariana e flor d’urze, em torno ao simplicíssimo burrico companheiro. Teilhard: Anteviste, no coração, a criação, voz do grande Deus. Eça: Burilaste a tal ponto o tema, que nem das palavras precisavas prà maravilha. Bilac: Abraço trouxeste a lado atlântico, reuniste o inseparável. Senghor: Salmos da África, tambores eclodindo antiquíssimos ritmos. Pessoa: À leitaria a copos, à literatura a golpes d’asa. Rilke: Soturnos anjos a acolhida noite indiciavam carinhos? Camilo Castelo Branco: O Verbo esfarelaste, comum banquete. Simone Weil: 3 da manhã, grutas ao metro, em Londres, com O Cristo Transeunte acamaradaste. Kazan: América, os sublimes jogos d’azar. Antero: Limpidez, a ideia nova, traída por insanos. Agustina: Reerguendo, em painéis, a casa arruinada. Jiménez: Moguer tuyo, tu Platero; New York, tu mujer. Virgílio: A felicidade pela agricultura, áurea mediania, excepcional opção. Manoel: Filmaste a cor e luz um Douro duradouro. Dante: Ante o fogoso amor continuando a pastorear estrelas. Cervantes: Nosso Quixote visionário arremeterá amanhã. Teresa d’Ávila: Dizer-te é dizer Deus; e só Deus basta. Carlos de Oliveira: Trabalho infindo, infindo verso. Florbela: Mulher, a estremecimentos êxtases, só mulher. Char: Teia teceste, enoitando insecto. Bellow: Àquele que conquistou o mundo que baque inquietante lhe diz que algo lhe falta? Camões: Rezaste o amor excelente. Pascoaes: Peregrino saüdoso, que freme no teu olhar entornado? Tojal: Precisaste picuinhas à encavalitada escrita. Kafka: Real o ver irreal. Hoje a teu pé a noite perturbada. Beckett: Absurdo, gratuito grito. Federico: Sangre, sol, areia, folhagem. Aragão: Não é que o Cristo-Rei se entretem com equilibrismos, lançando e aparando no céu vis banquinhos de assento? Dostoievski: Universal envergadura eslava, possessos actores. Böll: Cataclismos, desumanidade; entreteceres carambolantes prosas. Sophia: A perder pra lá a vista, na areia a brancura espuma, a onda iluminada. Serpa: O que não vias disseste livre. Matos e Sá: Perda tua, puríssima perda. Saint-Ex.: O principezinho loiro voa, agora noutra, com aviões-correio. Rosalia: Sar teu rio, Galiza tua terra, saudade comum dor. Cinatti: Nem chegaste a explicitar umas certas coisas: Desde o Reino em Timor ao engate da garota inglesinha em Sintra. António Maria Lisboa: O exactamente especioso. Ruy: O dia a dia dos mil nadas. Aleixandre, Vicente: Espanhol camarada, o pó ao volante pé cantaste. Al berto: Chagadíssimo clown, algo dói. Rimbaud: As vogais: Luzinhas flébeis, embriaguez vadia. Green: Levaste a extremo a precisa descrição, sinistra gesta, acossado. João XXIII: Entranhas misericordiosas geraram tua simplicidade gorda.
Brandão: Fundo humo teu drama, porque recôndito bicho metafísico. António Machado: Declives áridos, e ermos píncaros, correntes riachos, tu Castilla. Sena: Raro nome o teu, migrante, riso amaro. Régio: Realeza, cumes, dor, abismo, ferida. Deus se te amercie. Aquilino: Beirão e lusitano íntegro te quiseste; em retalhada escritura te demonstras. Pessanha: Ópios dormentes, Oriente, alucinadas infusões. Cesário: Delineaste os perfis das nossas ruas; percorreste-as, em televisiva reportagem. Mozart: Troca as asas aos anjos e executa os imbricados scherzos. A. Negreiros: A cores cantaste a náutica Lisboa. Caeiro: Respigaste na pastorícia fotográfico arrepio. Husserl: O que ante esteve disseste. Reis, Ricardo: Jesuítico tu? Castiço, pagão, inopinado. Campos, Álvaro: Roldanas, mecanismos, válvulas, engrenagens. Shakespeare: Tramas múltiplas, abismos, paixões… Porque complicados nos sabias. Jesúa: Hoje me abraça o olhar o mundo inteiro. J. J. Rousseau: Sente o rumurar a água fluindo? G. Bernanos: Demónios, rigor, graça, sombra, claridade. Trindade Coelho: Regatos, recônditos recantos, trechos de lamúrias, lengalengas, encantatórias fábulas, ah, a infância. Espinosa: Teu Deus, sive substância, viste. Paredes, Carlos: Desfiar lágrimas mel um povo a sul. Renoir: As armadilhas, e as artimanhas. Afonso Duarte: Montanhês na planura, lavravas versos. Neruda: Canto universalmente humano. Joyce: Irlandês acabado, dubliner labiríntico. Natália: Perpassaste as mãos floridas por papel rugoso; por Alcobaça, num tasco, pousaste rascunhos sobre nada. Bernardim: Doce tristura, saudosa mágoa, alguém a quem terno amor abandonou. Eluard: A precisa palavra liberdade. Stockhausen: Roem-se-nos imos sons. Sati: Pontilha-se cada tecla. Sebastião, da Arrábida: Mudavas de camisola, saltitavas dum barco para outro, apertavas atacadores, trocavas na lapela flor, abraçavas ar, água, montanha. Pound: Da única gesta itálica universal o melhor fabro. Paulo: Tombado a conversão, arrasaram-te o entusiasmo e a bênção. Pablo: Com rabiscos arquitectaste múltipla completude. Chagall: Menino sempre em aldeola, à Rússia dos czares. Goethe: Diamante lapidado tua Dichtung. George Braque: Interiores iguais a antes, pairando cegonhas. Cecília: Clássico nos teces o fluir fruído, ingénuo encanto. Neto: Preciso de ir para casa, mas por aqui perdi caminho; dá-me a mão, querida. Miguel Ângelo: O humano resumiste para o ver itinerante. Vergílio Ferreira: Sobra escrita, sob elo.
Infâmia:
ResponderEliminarNomes:
Anne Frank: Amesterdão: A clarabóia, num sórdido sótão,
dava para as nuvens, substância sonhada.
O’Neill: Viciosa, indolente existência, anelos da fraternidade.
Lima: Povoaste com figuras aladas, bailarins, trapezistas
o horto amargurado.
Hölderlin: Fundura alemã, sopro criador,
vinho divino, ancestral angústia.
Vian: Ligeireza, plumas, golpes dum clarim,
despedaça-se o verde coração.
Pagnol: Térrea tua saga, moura, francesa e ociosa.
Duval: Cantavas: Havia sorrisos que atravessavam a rua.
Machado de Assis: Excelente tabelião do idioma.
Brel: Golpeados os fios que moviam a marioneta,
eis-te em fuga ante ti próprio.
Junqueiro: Luz mariana e flor d’urze,
em torno ao simplicíssimo burrico companheiro.
Teilhard: Anteviste, no coração, a criação, voz do grande Deus.
Eça: Burilaste a tal ponto o tema,
que nem das palavras precisavas prà maravilha.
Bilac: Abraço trouxeste a lado atlântico,
reuniste o inseparável.
Senghor: Salmos da África, tambores eclodindo
antiquíssimos ritmos.
Pessoa: À leitaria a copos, à literatura a golpes d’asa.
Rilke: Soturnos anjos a acolhida noite indiciavam carinhos?
Camilo Castelo Branco: O Verbo esfarelaste, comum banquete.
Simone Weil: 3 da manhã, grutas ao metro, em Londres,
com O Cristo Transeunte acamaradaste.
Kazan: América, os sublimes jogos d’azar.
Antero: Limpidez, a ideia nova, traída por insanos.
Agustina: Reerguendo, em painéis, a casa arruinada.
Jiménez: Moguer tuyo, tu Platero; New York, tu mujer.
Virgílio: A felicidade pela agricultura, áurea mediania,
excepcional opção.
Manoel: Filmaste a cor e luz um Douro duradouro.
Dante: Ante o fogoso amor continuando a pastorear estrelas.
Cervantes: Nosso Quixote visionário arremeterá amanhã.
Teresa d’Ávila: Dizer-te é dizer Deus; e só Deus basta.
Carlos de Oliveira: Trabalho infindo, infindo verso.
Florbela: Mulher, a estremecimentos êxtases, só mulher.
Char: Teia teceste, enoitando insecto.
Bellow: Àquele que conquistou o mundo que baque inquietante
lhe diz que algo lhe falta?
Camões: Rezaste o amor excelente.
Pascoaes: Peregrino saüdoso, que freme no teu olhar entornado?
Tojal: Precisaste picuinhas à encavalitada escrita.
Kafka: Real o ver irreal.
Hoje a teu pé a noite perturbada.
Beckett: Absurdo, gratuito grito.
Federico: Sangre, sol, areia, folhagem.
Aragão: Não é que o Cristo-Rei se entretem com equilibrismos,
lançando e aparando no céu vis banquinhos de assento?
Dostoievski: Universal envergadura eslava, possessos actores.
Böll: Cataclismos, desumanidade; entreteceres carambolantes prosas.
Sophia: A perder pra lá a vista,
na areia a brancura espuma, a onda iluminada.
Serpa: O que não vias disseste livre.
Matos e Sá: Perda tua, puríssima perda.
Saint-Ex.: O principezinho loiro voa, agora noutra, com aviões-correio.
Rosalia: Sar teu rio, Galiza tua terra, saudade comum dor.
Cinatti: Nem chegaste a explicitar umas certas coisas:
Desde o Reino em Timor ao engate da garota inglesinha em Sintra.
António Maria Lisboa: O exactamente especioso.
Ruy: O dia a dia dos mil nadas.
Aleixandre, Vicente: Espanhol camarada, o pó ao volante pé cantaste.
Al berto: Chagadíssimo clown, algo dói.
Rimbaud: As vogais: Luzinhas flébeis, embriaguez vadia.
Green: Levaste a extremo a precisa descrição, sinistra gesta, acossado.
João XXIII: Entranhas misericordiosas geraram tua simplicidade gorda.
Brandão: Fundo humo teu drama, porque recôndito bicho metafísico.
ResponderEliminarAntónio Machado: Declives áridos, e ermos píncaros,
correntes riachos, tu Castilla.
Sena: Raro nome o teu, migrante, riso amaro.
Régio: Realeza, cumes, dor, abismo, ferida. Deus se te amercie.
Aquilino: Beirão e lusitano íntegro te quiseste;
em retalhada escritura te demonstras.
Pessanha: Ópios dormentes, Oriente, alucinadas infusões.
Cesário: Delineaste os perfis das nossas ruas;
percorreste-as, em televisiva reportagem.
Mozart: Troca as asas aos anjos e executa os imbricados scherzos.
A. Negreiros: A cores cantaste a náutica Lisboa.
Caeiro: Respigaste na pastorícia fotográfico arrepio.
Husserl: O que ante esteve disseste.
Reis, Ricardo: Jesuítico tu? Castiço, pagão, inopinado.
Campos, Álvaro: Roldanas, mecanismos, válvulas, engrenagens.
Shakespeare: Tramas múltiplas, abismos, paixões…
Porque complicados nos sabias.
Jesúa: Hoje me abraça o olhar o mundo inteiro.
J. J. Rousseau: Sente o rumurar a água fluindo?
G. Bernanos: Demónios, rigor, graça, sombra, claridade.
Trindade Coelho: Regatos, recônditos recantos,
trechos de lamúrias, lengalengas, encantatórias fábulas,
ah, a infância.
Espinosa: Teu Deus, sive substância, viste.
Paredes, Carlos: Desfiar lágrimas mel um povo a sul.
Renoir: As armadilhas, e as artimanhas.
Afonso Duarte: Montanhês na planura, lavravas versos.
Neruda: Canto universalmente humano.
Joyce: Irlandês acabado, dubliner labiríntico.
Natália: Perpassaste as mãos floridas por papel rugoso;
por Alcobaça, num tasco, pousaste rascunhos sobre nada.
Bernardim: Doce tristura, saudosa mágoa,
alguém a quem terno amor abandonou.
Eluard: A precisa palavra liberdade.
Stockhausen: Roem-se-nos imos sons.
Sati: Pontilha-se cada tecla.
Sebastião, da Arrábida: Mudavas de camisola,
saltitavas dum barco para outro,
apertavas atacadores, trocavas na lapela flor,
abraçavas ar, água, montanha.
Pound: Da única gesta itálica universal o melhor fabro.
Paulo: Tombado a conversão,
arrasaram-te o entusiasmo e a bênção.
Pablo: Com rabiscos arquitectaste múltipla completude.
Chagall: Menino sempre em aldeola, à Rússia dos czares.
Goethe: Diamante lapidado tua Dichtung.
George Braque: Interiores iguais a antes,
pairando cegonhas.
Cecília: Clássico nos teces o fluir fruído, ingénuo encanto.
Neto: Preciso de ir para casa,
mas por aqui perdi caminho;
dá-me a mão, querida.
Miguel Ângelo: O humano resumiste para o ver itinerante.
Vergílio Ferreira: Sobra escrita, sob elo.