Pungente entristecer p’la minha terra: Subíamos até cimo a rua para a casa da mulher amada. Sob nossos passos, p’lo amanhecer, despegava-se palha enlameada. Casara, tinha marido e filhos. Beijávamos a prima, que, com as tias, se encaminhava à oração do terço. O pai dobrava-se ao fundo da encosta sobre uns bacelos. Estávamos pra retomar o rumo pedregoso mai’las santas mulheres. De amores idos rasto vão. Dizem Senhor, Senhor, mas não vencem O Reino. A só amorosa medida os sopesará. Conclua-se que deambulávamos nuns sítios e acordávamos noutros.
Enquanto enrolo com tabaco a dita mortalha não fumo por ora o fumável cigarro. Já me fui fumando a vida toda… Por outras palavras um tal Pessoa disse. Morro-me instantes lentos, devaneios. No vagar de ir a paisagens invisíveis. Até que pare de subir a água a poço da canção, e chegue na final estação o brinquedo coração.
A tarde toda o avô contava histórias. Aturdidos, ensonados, na infância dos sonhos, devorávamos o mel à narrativa, que sempre concluía: ’Inda além vai a raposa, a correr a sete pés! O avô apontava para um longe. Meus olhos arregalavam-se para o mais pra lá da abrasada varanda: Eram montes sobre montes, insolados, quentes, graves dorsos, arrasando-os maravilhada aridez.
(este poema meu foi vivido em Cerejais, meu avô chamava-se Manuel Inácio Ochôa, e foi o maior benemérito da Obra do Imaculado Coração de Maria, vulgo Santuário, que meu vivo tio Nelo, Pe Cónego Doutor em Escrituras Manuel Joaquim Ochôa, sonhou, e, porque sonhou, ergueu...)
Pungente entristecer p’la minha terra:
ResponderEliminarSubíamos até cimo a rua para a casa da mulher amada.
Sob nossos passos, p’lo amanhecer, despegava-se palha enlameada.
Casara, tinha marido e filhos.
Beijávamos a prima, que, com as tias,
se encaminhava à oração do terço.
O pai dobrava-se ao fundo da encosta sobre uns bacelos.
Estávamos pra retomar o rumo pedregoso
mai’las santas mulheres.
De amores idos rasto vão.
Dizem Senhor, Senhor, mas não vencem O Reino.
A só amorosa medida os sopesará.
Conclua-se que deambulávamos nuns sítios
e acordávamos noutros.
Enquanto enrolo
ResponderEliminarcom tabaco
a dita mortalha
não fumo por ora
o fumável cigarro.
Já me fui fumando
a vida toda…
Por outras palavras
um tal Pessoa disse.
Morro-me instantes lentos,
devaneios.
No vagar de ir
a paisagens invisíveis.
Até que pare de subir a água
a poço da canção,
e chegue na final estação
o brinquedo coração.
A tarde toda o avô contava histórias.
ResponderEliminarAturdidos, ensonados, na infância dos sonhos,
devorávamos o mel à narrativa, que sempre concluía:
’Inda além vai a raposa, a correr a sete pés!
O avô apontava para um longe.
Meus olhos arregalavam-se
para o mais pra lá da abrasada varanda:
Eram montes sobre montes,
insolados, quentes, graves dorsos,
arrasando-os maravilhada aridez.
(este poema meu foi vivido em Cerejais, meu avô chamava-se Manuel Inácio Ochôa, e foi o maior benemérito da Obra do Imaculado Coração de Maria, vulgo Santuário, que meu vivo tio Nelo, Pe Cónego Doutor em Escrituras Manuel Joaquim Ochôa, sonhou, e, porque sonhou, ergueu...)
Estas são bonitas, mas para a próxima podia acrescentar uma da vista do miradouro do Calvário.
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