Quando o castanheiro floriu, a antiga angústia se desvaneceu. - O carteiro Candeias, mais conhecido por flaviense, conversador, ou vagaroso, apregoa, a todo o mundo, maravilhas do melhor presunto, desde que por Chaves passou, uma ocasião, uns oito dias. - Raúl, o soba negro, pra pedonal Rua Vasco da Gama, na Quarteira, desterrado, Índias fuma, em acabrunhado distúrbio. - Grupo Desportivo de Bragança: Longa era a marcha até lá, amplo o descampado. 28 de Maio: Convivas abancados, sobre pedra. Ginásio de Alcobaça: Para uns o resultado acabava por dar certo: De tantas paragens vindos, saboreávamos, reunindo-nos, quase destino, o ar domingueiro. S. Luís: Aparício tentava repor a verdade nos descontos, mas os passes, para a grande área, não resultavam como queríamos. Bonfim, Setúbal: Vitorioso disparo, o do Henriques; e o sol explodiu. - Cerejais: A graça e a luz: Beethoven por telhados aluados. Trindade: Horror ao escuro, cultivos, ledos campos; a escola, paredes-meias à casa; jovens criadas, bambas cadeiras, luxúria, um crucifixo. São Salvador: Brinquedos destroçados, nevões a largo. Vimioso: Nasce-nos um irmão; lavagens, toalhas, azáfama, água morna. Alfândega da Fé: Leituras nas longas tardes. Escadarias, sobrados esfregados, tralha acumulada por pátios, velhos trastes, empenados gradeamentos. Coimbra: Sótão pra ideias, escritos a esmo, duro afã, desalento, e reerguermo-nos. Braga: A desoras a voz da bela explicadora. Cardanha: Sob cobertores-de-papa: Manuel Ângelo, ainda lês? Eu com os pascoais Belo e À Minha Alma… Vá, apaga a luz, e dorme! Lisboa: Clara nuínha no banho, baques infantes, encantamento. Cem Soldos: Ecoa hora o relógio antigo; inaugural sorriso, p’la manhã. Quarteira: Abertas à luz janelas e varandas. Leiria: Noctívago revolver versículos; risos e ledices. - Do Tua a Bragança: Vinhedos, fragas, urzes, giestas, estevas, monte, o Taunus verde torneando curvas. Do Porto a Barca d’Alva: Acompanhávamos o curso d’oiro. De Coimbra a Lisboa: Por férreas estruturas revolvemos poemas. De Setúbal a Faro: Se por demais sobrecarregados, lançávamos janelas fora olhos emocionados. P’lo Vale da Vilariça: As mesmas histórias, vezes incontáveis. Até ao Bois de Bologne: Pra trás ficou o vão tremor. Portela/Zurique: Enquanto a Swissair nos tem na refeição, ternos se nos evolam os gestos lentos. Funchal/Portela: Rectângulos sob relâmpagos, mondriânicas extensões. Caído a solo alado pé, devolvíamos ao deserto local viajados traumas. - Então, muito bom dia! E ninguém responde. Os bons dias estão mesmo p’la hora da morte. Ainda se fossem as boas noites, estou como diz o outro. Será por ter chovido muito ultimamente? É caso pra perguntar. - A uns sapatos luva: Por onde não andastes ou andastes nos dissestes.
Irmã Lúcia, no meio de nós. - Missa sobre o mundo, renascendo madrugadas. - S. Martinho do Bispo, ao adro; grama, hera, erva, musgo. - Santa Cita doravante habitamos. - A mansa pombinha bicou na palma da mão. - Volta da Pedra, inaugurais carreiros a ar livre. - Vale da Vilariça: Eclosão da maior alegria, estreita-me d’apertado laço. - Bencanta, sótão a alumbramentos; atentado premeditado contra Isaac Rabin; Mãe, como desculpas! - Eu nasci num país posto no mar: Gaivotas guiam-me o leme estafadinho a rumar. - Camponesa, cara rasgada, escava duro ardor, óptimo nada. - Do snooker a partida imprevisível. - Missão cada hora. - Bordel, e mofo. - Meu velho, devaneando pela Idade Média sãs certezas? - Sinfónicos policromáticos chilreios… Anda, e ouve, Messiaen! - Domingo único, açucenas, calmas. - Monsaraz; ante isto, nada és, poetastro. - Comporta: Maresia, navegações, sargaço, extensíssimo areal. - Ser-se sem peso. - Ilha do Arcanjo; árida vereda, livre toada, árido verso. - Porto Formoso, no coração do verde chá. - Faial, abalo ou convulsão, céu estrelado, às lavas. - Da Horta à Madalena vela enfunada leva-me o branco nada. - Pico revisto, com vides, penhas, entrechos basálticos. - Nos Capelinhos gravar teu nome, à flor cinza, na costa do relevo. - P’lo Canal frágil veleiro vai lieiro. - A Senhora da Guia voo me acompanhe à vivaz luz. - Flamengos, bodes, asininos, bovinos… Quando não agrícola empresa, familiar gestão. - Em Angra, nas proximidades do Museu, decifrar línguas d’arrulho a cúmplices pombos, num vagaroso sono, sob céu nítido. - Jardim Duque da Terceira, com nuvens às farripas, iguais a pétalas. - Da Angra à Praia da Vitória p’los olhos se afundam excessivas lindezas. - Luz demasiada rota da alegria; maternal coração timidez vencida. - Biscoitos; num terraço ajardinados vasos. - Feteira: Um chafariz, uma inscrição, um toldo. - Zdenka Cecília Schelingová, quantos comunistas estarão sorrindo contigo por teu perdão? - Santa Cecília, embala-nos celestes polifonias. - Clara fins clareia. - Clotilde constrói forte. - Seldon; é milagre só a obra. - Madalena: P’lo sussurro da voz O conheceste: Não era o hortelão. Rabboni!, ’xclamaste. Ele pediu-te que não O detivesses. - Craveirinha, judeu preto devaneador, sob quais torrentes acenas? - Nelson Mandela, torturado faminto do melhor, porque demasiado te doeu, o coração franqueaste. - ‘Ai saudade!...’ Flor Cesária Évora dum distante Alentejo ida na revoada. - Sacada ao fresco; estremecerem estilhaçados espelhos p’lo fugidio elemento. - Duras pedras demoradas quisera meus versos; essência da luz saudosos; a embalo de ouvi-los morreria p’la memória que dormem animados; na praça única os saboreei divinos; mel no céu da boca dum bambino.
Aí acima estás, erguido à cruz, em Teu lugar de dor. Dura dor Tua dor, que é dor, e morte vida, por estares aí assim, morto e trespassado. Mas arrebatasTe-nos até a Teu tão alto aterro. Em dúvida a Ti venho, faminto desolado na busca da Esperança que ficou desde a Tua vitória sobre o Fim. DesTe ao bom ladrão lugar cimeiro, à direita imensa dO Pai. Vá conTigo também meu coração. - ‘A verdade far-vos-á livres…’ Libertará aqueles cujos nomes constam do Livro da Vida, porque passaram a grave tribulação: Suas túnicas, branqueadas no Sangue do Cordeiro, torturados, gaseados, cremados, cinzas dispersas, da ignomínia reviverão. Crês isto, contra senãos e desesperanças? ‘Adeus, Príncipe, pela primeira vez encontrei um homem!’ - ‘A ti, sentinela, constituo vigilante da Israel Família…’ Não te escuses repetindo: Acaso respondo p’lo irmão? Se não o alertares, e ele cair, com ele cairás. Se não fizeres soar a trombeta, haverá ruína na casa: A ti pedirão contas. Se não proclamares o aviso em tempo, às profundas pagarás pelos teus porque não vigiaste. Se fizeres soar o som, o Seixinho Branco, que firmas no punho, te encherá, com redobrada alegria, transbordando paz. Que a Rocha te não destrua; aponta-A. Ela te será o bem mais precioso, o tesouro escondido, por que tudo deixaste. ‘Senhor, eu não sou digno de que reparTas pão comigo, descansado sob meu tecto, mas a uma só palavra Tua, ou a um único aceno Teu, eu serei outro.’
Para quem visitar esta capela e não gostar dela, lembrem-se que nem sempre as decisões de quem manda representam a vontade (geral ou maioritária) de um povo.
Quando o castanheiro floriu,
ResponderEliminara antiga angústia se desvaneceu.
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O carteiro Candeias,
mais conhecido por flaviense, conversador, ou vagaroso,
apregoa, a todo o mundo, maravilhas do melhor presunto,
desde que por Chaves passou, uma ocasião, uns oito dias.
-
Raúl, o soba negro,
pra pedonal Rua Vasco da Gama, na Quarteira, desterrado,
Índias fuma, em acabrunhado distúrbio.
-
Grupo Desportivo de Bragança: Longa era a marcha
até lá, amplo o descampado.
28 de Maio: Convivas abancados,
sobre pedra.
Ginásio de Alcobaça: Para uns o resultado
acabava por dar certo:
De tantas paragens vindos,
saboreávamos, reunindo-nos,
quase destino, o ar domingueiro.
S. Luís: Aparício tentava repor a verdade nos descontos,
mas os passes, para a grande área,
não resultavam como queríamos.
Bonfim, Setúbal: Vitorioso disparo, o do Henriques;
e o sol explodiu.
-
Cerejais: A graça e a luz: Beethoven por telhados aluados.
Trindade: Horror ao escuro, cultivos, ledos campos;
a escola, paredes-meias à casa;
jovens criadas, bambas cadeiras, luxúria, um crucifixo.
São Salvador: Brinquedos destroçados, nevões a largo.
Vimioso: Nasce-nos um irmão; lavagens, toalhas, azáfama, água morna.
Alfândega da Fé: Leituras nas longas tardes.
Escadarias, sobrados esfregados, tralha acumulada por pátios,
velhos trastes, empenados gradeamentos.
Coimbra: Sótão pra ideias, escritos a esmo,
duro afã, desalento, e reerguermo-nos.
Braga: A desoras a voz da bela explicadora.
Cardanha: Sob cobertores-de-papa: Manuel Ângelo, ainda lês?
Eu com os pascoais Belo e À Minha Alma… Vá, apaga a luz, e dorme!
Lisboa: Clara nuínha no banho,
baques infantes, encantamento.
Cem Soldos: Ecoa hora o relógio antigo;
inaugural sorriso, p’la manhã.
Quarteira: Abertas à luz janelas e varandas.
Leiria: Noctívago revolver versículos; risos e ledices.
-
Do Tua a Bragança: Vinhedos, fragas, urzes,
giestas, estevas, monte, o Taunus verde torneando curvas.
Do Porto a Barca d’Alva: Acompanhávamos o curso d’oiro.
De Coimbra a Lisboa: Por férreas estruturas revolvemos poemas.
De Setúbal a Faro: Se por demais sobrecarregados,
lançávamos janelas fora olhos emocionados.
P’lo Vale da Vilariça: As mesmas histórias,
vezes incontáveis.
Até ao Bois de Bologne: Pra trás ficou o vão tremor.
Portela/Zurique: Enquanto a Swissair nos tem na refeição,
ternos se nos evolam os gestos lentos.
Funchal/Portela: Rectângulos sob relâmpagos,
mondriânicas extensões.
Caído a solo alado pé,
devolvíamos ao deserto local viajados traumas.
-
Então, muito bom dia! E ninguém responde.
Os bons dias estão mesmo p’la hora da morte.
Ainda se fossem as boas noites, estou como diz o outro.
Será por ter chovido muito ultimamente?
É caso pra perguntar.
-
A uns sapatos luva:
Por onde não andastes ou andastes
nos dissestes.
Périplo Navegante ( continuação ):
ResponderEliminarIrmã Lúcia,
no meio de nós.
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Missa sobre o mundo,
renascendo madrugadas.
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S. Martinho do Bispo, ao adro;
grama, hera, erva, musgo.
-
Santa Cita
doravante habitamos.
-
A mansa pombinha
bicou na palma da mão.
-
Volta da Pedra,
inaugurais carreiros a ar livre.
-
Vale da Vilariça:
Eclosão da maior alegria,
estreita-me d’apertado laço.
-
Bencanta,
sótão a alumbramentos;
atentado premeditado contra Isaac Rabin;
Mãe, como desculpas!
-
Eu nasci num país posto no mar:
Gaivotas guiam-me o leme
estafadinho a rumar.
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Camponesa,
cara rasgada, escava duro ardor, óptimo nada.
-
Do snooker
a partida imprevisível.
-
Missão
cada hora.
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Bordel,
e mofo.
-
Meu velho,
devaneando pela Idade Média sãs certezas?
-
Sinfónicos policromáticos chilreios…
Anda, e ouve, Messiaen!
-
Domingo único,
açucenas, calmas.
-
Monsaraz;
ante isto, nada és, poetastro.
-
Comporta:
Maresia, navegações, sargaço, extensíssimo areal.
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Ser-se
sem peso.
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Ilha do Arcanjo;
árida vereda, livre toada, árido verso.
-
Porto Formoso,
no coração do verde chá.
-
Faial,
abalo ou convulsão, céu estrelado, às lavas.
-
Da Horta à Madalena
vela enfunada leva-me o branco nada.
-
Pico revisto,
com vides, penhas, entrechos basálticos.
-
Nos Capelinhos
gravar teu nome, à flor cinza,
na costa do relevo.
-
P’lo Canal
frágil veleiro
vai lieiro.
-
A Senhora da Guia
voo me acompanhe à vivaz luz.
-
Flamengos,
bodes, asininos, bovinos…
Quando não agrícola empresa, familiar gestão.
-
Em Angra, nas proximidades do Museu,
decifrar línguas d’arrulho
a cúmplices pombos,
num vagaroso sono,
sob céu nítido.
-
Jardim Duque da Terceira,
com nuvens às farripas, iguais a pétalas.
-
Da Angra à Praia da Vitória
p’los olhos se afundam
excessivas lindezas.
-
Luz demasiada
rota da alegria;
maternal coração
timidez vencida.
-
Biscoitos;
num terraço
ajardinados vasos.
-
Feteira:
Um chafariz,
uma inscrição,
um toldo.
-
Zdenka Cecília Schelingová,
quantos comunistas estarão sorrindo
contigo
por teu perdão?
-
Santa Cecília,
embala-nos
celestes polifonias.
-
Clara
fins clareia.
-
Clotilde
constrói forte.
-
Seldon;
é milagre só a obra.
-
Madalena:
P’lo sussurro da voz O conheceste:
Não era o hortelão.
Rabboni!, ’xclamaste.
Ele pediu-te que não O detivesses.
-
Craveirinha,
judeu preto devaneador,
sob quais torrentes acenas?
-
Nelson Mandela,
torturado faminto do melhor,
porque demasiado te doeu,
o coração franqueaste.
-
‘Ai saudade!...’
Flor Cesária Évora dum distante Alentejo ida na revoada.
-
Sacada ao fresco;
estremecerem estilhaçados espelhos
p’lo fugidio elemento.
-
Duras pedras demoradas
quisera meus versos;
essência da luz saudosos;
a embalo de ouvi-los morreria
p’la memória que dormem animados;
na praça única os saboreei divinos;
mel no céu da boca dum bambino.
Aí acima estás,
ResponderEliminarerguido à cruz, em Teu lugar de dor.
Dura dor Tua dor,
que é dor, e morte vida,
por estares aí assim,
morto e trespassado.
Mas arrebatasTe-nos até a Teu tão alto aterro.
Em dúvida a Ti venho, faminto desolado
na busca da Esperança que ficou
desde a Tua vitória sobre o Fim.
DesTe ao bom ladrão lugar cimeiro,
à direita imensa dO Pai.
Vá conTigo também meu coração.
-
‘A verdade far-vos-á livres…’
Libertará aqueles cujos nomes constam do Livro da Vida,
porque passaram a grave tribulação: Suas túnicas, branqueadas
no Sangue do Cordeiro, torturados, gaseados, cremados,
cinzas dispersas, da ignomínia reviverão.
Crês isto, contra senãos e desesperanças?
‘Adeus, Príncipe, pela primeira vez encontrei um homem!’
-
‘A ti, sentinela, constituo vigilante da Israel Família…’
Não te escuses repetindo: Acaso respondo p’lo irmão?
Se não o alertares, e ele cair, com ele cairás.
Se não fizeres soar a trombeta, haverá ruína na casa:
A ti pedirão contas. Se não proclamares o aviso em tempo,
às profundas pagarás pelos teus porque não vigiaste.
Se fizeres soar o som, o Seixinho Branco, que firmas no punho,
te encherá, com redobrada alegria, transbordando paz.
Que a Rocha te não destrua; aponta-A.
Ela te será o bem mais precioso,
o tesouro escondido, por que tudo deixaste.
‘Senhor, eu não sou digno de que reparTas pão comigo,
descansado sob meu tecto,
mas a uma só palavra Tua,
ou a um único aceno Teu, eu serei outro.’
Para quem visitar esta capela e não gostar dela, lembrem-se que nem sempre as decisões de quem manda representam a vontade (geral ou maioritária) de um povo.
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