segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Alminhas







5 comentários:

  1. Grunhe
    suíno
    na pocilga.
    Não que escasseie bolota.
    -
    Cócórócas, galaroz?
    Esganam-te.
    -
    Arrulhas, pomba,
    ’Spríto?
    -
    Zurras, burro?
    Obras urtiga.
    -
    Busca, rafeiro,
    filas rubi.
    -
    Pula, macaco,
    achas galho.
    -
    Alça nariz girafa.
    Que quesita cata.
    -
    Orca tonta,
    esguichas?
    -
    Forças voo, cegonha?
    Brandamente paira.
    -
    Rato anafado
    com sujidade se ceva.
    -
    Lebre saltadora
    nenhum rasto topa.
    -
    À borboleta,
    ofuscada, o sol a turba.
    -
    Vaca leiteira
    pasta
    erva verdadeira.
    -
    Insecto seco,
    areia grossa.
    -
    Formiga
    na retirada.
    -
    Poeira
    nuns interstícios.
    -
    Bolbo, água,
    antenas, arame.
    -
    A pardal
    bico destila mel.
    -
    Das macieiras ramas,
    bordado edénico.
    -
    Resfolgas, coelhito?
    Tens certo um catatau.
    -
    ‘A saudade saudadinha
    diz-se nada no Faial…’
    S’em ti voasse, saudade,
    era meu o Portugal.
    -
    A amiga saudade
    é viúva, noiva, e tem
    por irmã a manhãzinha,
    a noite é dela também.
    -
    Não chores, madrinha,
    que o netinho voltou,
    pra revolver o sol à casa aberta,
    e arrasar casulos a teus bichos-da-seda.
    -
    Tecerem-se
    ramagens de girassóis.
    -
    Aquela clareira inteirinha
    intervalando
    pura luz livrou-nos.
    -
    Da indecisão a um calor melhor
    a ti própria te perquirires.

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  2. Encantos,
    olhos abertos.
    Raiva,
    punhos cerrados.
    Asas,
    mãos a céus.
    Mágoa,
    do passado.
    Prece,
    livro a ler.
    Esperança,
    nome gravado.
    Fúria,
    fome de pão.
    Luta,
    teu bordado.
    Vida,
    tu a dizes,
    meiga rosa,
    verde prado.
    Morte,
    estar vivo.
    Palavra,
    ai pesado.
    Isto dito,
    eis retrato
    esboçado.
    Durmo, velo,
    ’s’sperado;
    fujo, fico
    do teu lado.
    Voo, tombo,
    atordoado.
    Amo, espero,
    arrojado;
    por flores
    aluado.
    Esta paz,
    lago habitado,
    canto:
    Chilreado,
    alma, voz, som,
    sopro alado.
    Paira noite,
    chão chovido.
    Abre o dia,
    fim datado.
    Abre a luz,
    dou-me enleado:
    Abrigada,
    céu, e fado.
    Se me ama,
    bondade
    demasiada,
    não lembra
    nenhum pecado.
    O choro
    já chorou.
    Vigia
    os dedos
    na r’scrita.
    Margem,
    água,
    poesia,
    onde
    tomba
    uma pétala.
    Põe os olhos
    em mim.
    Me quer,
    me tem.
    Gozo infindo
    seu regaço:
    Mãe,
    mulher,
    calhandra,
    senha, recado.
    Baixinho
    sussurra-me
    ao ouvido.
    Sacia-me
    do mel,
    manjar sagrado.
    Sonha-me
    um sonho
    sobre
    meu ombro
    reclinada.
    Meu tu,
    meu tudo,
    asa, porta, ave,
    cofre do
    divino cheiro,
    M.
    -
    Olha o
    desfeito
    ar,
    libérrima
    floração
    p’la
    fonte
    das moçoilas.
    Goza-o
    pra lá das gazelas,
    à jorrante
    nascente.
    -
    Mãos vazias
    voos dobrados.

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  3. (Lembrado de meus Avós)
    Simples palavras digam tal-qualmente
    coisas a estudar sempre aí ante a tua livre mente.
    Outras sonhadas palavras digam o rigor fulgente.
    -
    Num Restaurante:
    Prego no chão pede rapagão.
    No chão? Pasma garçon.
    Sim, no chão,
    que pra meu cão.
    Com ronha de palavrão
    entretêm fome de cão.
    -
    Melrinho fiel,
    que cedo me visitas,
    saltitando esvoaçante,
    a cantarolar cantitos puros absolutos,
    sílabas dum chão empedrado e turvo,
    na antemanhã liberta das rosas;
    vou para filmar, e idealizo uns planos picados
    para acompanhar-te a divagação magnífica,
    enquanto me deixas
    por erva húmida, antes dum sol desconhecido.
    -
    XIX) Anáfora da vida problemática:
    Se só uma vez estás vivo,
    se só uma vez dizes Amor,
    se só uma vez salvas Amigo,
    se só uma vez acenas Adeus,
    se só uma vez vês a Cor,
    se só uma vez vives a vida,
    se só uma vez morres da morte,
    se só uma vez o grão do trigo sepultas
    para dares lugar ao pão para a mesa…
    Porque disse então
    o Cristo Jesus dos paradoxos
    ser preciso nasceres de novo?
    XX) Inscrições:
    A amor amado amor devolver.
    A amor amar a vida toda.
    -
    Menino,
    conte à Mãezinha tudo tintim por tintim.
    -
    Há flores no nome de Jesus.
    Se andamos longe, por mais perto estamos.
    -
    Poema pleno, breve, à tona de ar, corre e vai,
    pra lá de vento e mar.
    -
    Desperta, enche da amêndoa, neve, vinho, pão
    meus olhos, minha terra.
    -
    Dares quanto tens a quantos encontres.
    Quanto não tens a Deus que teus sonhos sonha.
    Que quanto deres terás.
    -
    Deserto do sol repleto com luz sorrindo -
    onde o poema se demora.
    -
    Nuvens do sol nos abraçam amigas.
    Mar essencial invisível aos olhos.
    Reencontro nosso.
    Por devolvermo-nos dia após dia outros.
    No sempre, nossa pátria. nos achamos.
    Que do coração abertos.
    As
    Sonhadas Palavras
    reescritas
    por
    Ângelo Ochôa

    20 capítulos
    664 poemas
    120 páginas
    5.121 parágrafos
    5.125 linhas
    106.433 caracteres (sem espaços)
    121.831 caracteres (com espaços)
    20.500 palavras
    a
    4iii2010

    FIM

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  4. ...compare-se a anterior versão com a actual aqui presente...:
    -
    Grunhe
    suíno
    na pocilga.
    Não que escasseie bolota.
    -
    Cócórócas, galaroz?
    Esganam-te.
    -
    Arrulhas, pomba,
    o ’Spríto?
    -
    Zurras, burro?
    Obras urtiga.
    -
    Busca, rafeiro,
    filas rubi.
    -
    Pula, macaco,
    achas galho.
    -
    Alça nariz girafa.
    Que quesita cata.
    -
    Orca tonta,
    esguichas?
    -
    Forças voo, cegonha?
    Brandamente paira.
    -
    Rato anafado
    com porcaria se ceva.
    -
    Lebre saltadora
    rasto não topa.
    -
    À borboleta
    ofuscada o sol turba.
    -
    Vaca leiteira
    pasta
    verde erva verdadeira.
    -
    Insecto seco,
    areia grossa.
    -
    Formiga
    na retirada.
    -
    Poeira
    nuns interstícios.
    -
    Bolbo, água,
    antenas, arame.
    -
    A pardal
    bico destila mel.
    -
    Das macieiras ramas,
    bordado edénico.
    -
    Resfolgas, coelhito?
    Tens certo o catatau.
    -
    ‘A saudade saudadinha
    diz-se nada no Faial.’
    S’em ti voasse, saudade,
    era meu o Portugal.
    -
    A amiga saudade
    é viúva, noiva, e tem
    por irmã a manhãzinha,
    a noite é dela também.
    -
    Não chores, madrinha,
    teu netinho voltou,
    pra revolver o sol à casa aberta,
    e arrasar os casulos dos bichos-da-seda.
    -
    Tecerem-se
    ramagens de girassóis.
    -
    Aquela clareira inteirinha
    intervalando
    pura luz livrou-nos.
    -
    Da indecisão à luz maior
    te perquirires.
    -
    Encantos,
    olhos abertos.
    Raiva,
    punhos cerrados.
    Asas,
    mãos a céus.
    Mágoa,
    do passado.
    Prece,
    livro a ler.
    Esperança,
    nome gravado.
    Fúria,
    fome de pão.
    Luta,
    teu bordado.
    Vida,
    tu a dizes,
    meiga rosa,
    verde prado.
    Morte,
    estar vivo.
    Palavra,
    ai pesado.
    Isto dito,
    eis retrato
    esboçado.
    Durmo, velo,
    ’s’sperado;
    fujo, fico
    do teu lado.
    Voo, tombo,
    atordoado.
    Amo, espero,
    arrojado;
    por flores
    aluado.
    Esta paz,
    lago habitado,
    canto:
    Chilreado,
    alma, voz, som,
    sopro alado.
    Paira noite,
    chão chovido.
    Abre o dia,
    fim datado.
    Abre a luz,
    dou-me enleado:
    Abrigada,
    céu, e fado.
    Se me ama,
    bondade
    demasiada,
    não lembra
    nenhum pecado.
    O choro
    já chorou.
    Vigia
    os dedos
    na r’scrita.
    Margem,
    água,
    poesia,
    onde
    tomba
    uma pétala.
    Põe os olhos
    em mim.
    Me quer,
    me tem.
    Gozo infindo
    seu regaço:
    Mãe,
    mulher,
    calhandra,
    senha, recado.
    Baixinho
    sussurra-me
    ao ouvido.
    Sacia-me
    do mel,
    manjar sagrado.
    Sonha-me
    um sonho
    sobre
    meu ombro
    reclinada.
    Meu tu,
    meu tudo,
    asa, porta, ave,
    cofre
    do bom cheiro,
    Maria.
    -
    Olha
    desfeito
    ar,
    libérrima
    floração
    p’la
    fonte
    das moçoilas.
    Goza-o
    pra lá das gazelas,
    à jorrante
    nascente.
    -
    Mãos vazias
    voos dobrados.
    -

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  5. ...compare-se também o término anterior com o presente do meu livro 'sonhadas palavras', no prelo, mas com pdf acessível in http://angeloochoa.net/ -- meu portal poético...
    Simples palavras digam certas tal-qualmente
    coisas a estudar sempre ante tua livre mente.
    Outras sonhadas palavras digam rigor fulgente.
    -
    Prego no chão pede rapagão.
    No chão?
    Pasma garçon.
    Sim, no chão,
    que pra meu cão.
    Com ronha de palavrão
    nos entretêm fome de cão.
    -
    Melrinho fiel,
    que cedo me visitas,
    saltitando esvoaçante,
    a cantarolar cantitos puros absolutos,
    sílabas dum chão empedrado e turvo,
    na antemanhã liberta das rosas;
    vou para filmar, e idealizo uns planos picados
    para acompanhar-te a divagação magnífica,
    enquanto me deixas
    por erva húmida, antes dum sol desconhecido.
    XIX) Anáfora da vida problemática
    Se só uma vez estás vivo,
    se só uma vez dizes Amor,
    se só uma vez salvas Amigo,
    se só uma vez acenas Adeus,
    se só uma vez vês a Cor,
    se só uma vez vives a Vida,
    se só uma vez morres da Morte,
    porque disse então
    o Cristo Jesus dos paradoxos
    ser preciso nasceres de novo?
    XX) Inscrições
    A amor amado devolver amor, a amor amar por toda a vida.
    -
    Menino, conte à Mãezinha tudo, tintim por tintim.
    -
    Há flores no nome de Jesus,
    madrugada dos nossos sonhos.
    Quando em nós sumidos, é Ele perto.
    -
    Poema pleno, breve, à tona de ar, corre e vai para lá de monte e mar.
    -
    Desperta, e enche da flor da neve amêndoa vinho pão meus olhos,
    minha terra.
    -
    Dares quanto tens a quantos encontres.
    Quanto não tens aO Deus que te sonha os sonhos.
    Que quanto deres terás.
    -
    Deserto do sol repleto, com luz sorrindo, onde o poema se demora.
    -
    Nuvens do sol abraçam-nos amigas.
    Mar essencial invisível a olhos.
    Reencontro nosso.
    Por devolvermo-nos outros.
    No sempre, nossa pátria, nos achamos.
    Porque do coração abertos.
    -
    Pai, Mãe, Avô, Avó, Filha, Genro, Neta, Bisneto.
    -
    Maria Estrela Guia Nos Dá Seu Filho Sol Da Justiça
    Por Nós Sonhado.
    -
    I

    AVÉ

    MARIA

    JESUS

    LUZ

    É
    -
    Aro,
    aro,
    aro...
    -

    Se não fosse o bom Deus,
    desesperaria.
    -
    XXI) Post-Factum
    Na encruzilhada de todos os caminhos
    estou eu e Deus, esperando os irmãos para abraçar.
    Desvairadas gentes, donde venhais, para onde vades, eu sou vosso,
    com o coração posto no sangue redentor que vos envolve, e me ama,
    o sangue eucarístico que alimenta os meus dias.
    Estou na encruzilhada de todos os caminhos
    para abraçar o irmão que vem na luz do amor.


    São 20.644 sonhadas palavras,
    670 poemas


    15.viii.2011

    Ângelo

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