segunda-feira, 21 de setembro de 2009

IGREJA MATRIZ DE CEREJAIS













































2 comentários:

  1. Criança palestiniana fardada de kamikaze:
    Até onde a desumanidade!
    Pode o estômago dO Misericordioso
    com semelhante vómito?
    Quem não afigura o horror?
    Quem não revolve coração?
    Ante isto haverá que dizer?
    Pergunte-se um se é culpa sua.
    -
    Regresso a hortênsias descoloridas,
    sob fumo, névoa, vil cansaço;
    da luz a excitação como se anula;
    Agosto algo chuvoso se adivinha.
    -
    Com a Clara Pinto Correia e o artista mirandês
    do nome exótico, engendrando ilustrados romances,
    promiscuidades libidinosas,
    furibunda invasão a televisivo canal…
    À pergunta a que era o Messias
    em Eboli diferente do seu,
    o camarada opina prà câmara:
    O povo é cruel, adora vísceras.
    -
    Tu outra vez, fatal Pessoa?
    Nacional obsessão, contumaz pilhéria,
    a que nos reduz teu vicioso ciclo alcoolizado.
    Era só o que vias este sol?
    Ou, mais pra lá do que disseste,
    ou nos subscritos selados nos deixaste,
    não haverá rua, lua, alma, sonho, praia,
    monte, voo, luz, quid, imensidade?
    Que o hoje não é só essa Lisboa.
    -
    Do que me dão:
    O bom Cristo,
    pão sem peixe
    embora.
    -
    Foste mesmo um menino,
    aos tombos p’lo cais da vida.
    -
    Dulcinea del Toboso y Quijote de la Mancha
    celebram prolongados festejos nupciais.
    Pra quê inventar novo término para o mais famoso romance?
    A noite alonga-se.
    Rio-me alarvemente de gaffe têvêvista do Prof. Marcelo.
    Onde param a esta hora esconsa os meus óculos?
    Reza o entendido eclesiástico que quanto impacte
    os telejornais transmitiram resultou d’acérrima pesquisa.
    -
    Violinos a sussurrar um Danúbio fotográfico,
    trapezistas kafkianos, vagabundos artistas,
    devastada, imensa alma russa,
    aí vás peregrino.
    Labirínticos atapetados recantos,
    confuso chá, altaneiras tâmaras.
    Enormíssima musical litania,
    samba, mescla santa.
    Cordilheiras, píncaros, mansas enseadas,
    virgens florestas, morrinha, encantatórios ermos.
    Soberana voz amordaçada cantando pra bailico,
    voláteis engenhocas obrigando-nos a baixarmo-nos,
    vergada erva, dunas ondulantes, percorrido vento.
    Que rumoreja o Sena?
    Quem chora em Notre-Dame?
    -
    A cadelinha
    estendia-se
    ao sol
    no lençol da rua;
    árvores
    espreguiçavam-se.
    -
    O lugar em que estás,
    o mais distante.
    -
    Os poetas pararam.
    Ao mesmo tempo
    tiveram a mesmíssima inspiração:
    O ventinho que soprava
    era a grande paz.
    -
    Poesia, tratasse-te por tu,
    que tudo acabaria nu.
    -
    Sento-me na casa.
    E parece não haver
    nada a fazer
    do coração.
    -
    No primeiro Sábado,
    rejubilou o bom Deus:
    Era pura, plena, a criação.
    Eva, Adão, & Filhos, Limitada,
    com o imperativo de dominar mãe terra,
    a conspurcaram.
    Homem Outro, flébil espírito, quis,
    num oportuno tempo, reconstruir
    a comum habitação.
    Bem sopra onde quer Um Vento Novo,
    e chora a fio a boa Mãe…
    Bué estopada, fim sem fim…
    Tudo pior que estragado.
    -
    Mistério de Luz:
    Sobre jumenta paz
    sobes a celeste Jerusalém
    e ouves A Aclamação:
    ‘Hossana ao Filho Rei!’

    ResponderEliminar
  2. Dos Sonhos Poemas:
    Um rapaz
    com uma maçã a custo equilibrada sobre o ombro
    fez sem fumo nem bilhete o percurso errado o dia todo;
    acabou por pagar o máximo que a Caixa Multibanco permitia,
    quando noitinha chegou à sua terra.
    -
    Vemos Camus.
    Ceamos num recanto do teatro.
    Seguimos atentos o depoimento filmado em vida do autor
    reclamando-nos a portugueses e espanhóis
    descendentes d’incertos carniceiros, e etc., etc.,
    e da importância do por demais debatido bife bovino.
    Nem reparamos que o figurão usa bigode.
    Rimo-nos muito quando se supõe não ter graça.
    Não entendemos patavina quanto ali acontece.
    Desliza o palco até à rua, e continuamos a peça.
    Fazemos que nos cumprimentamos, e não dizemos nada.
    -
    ‘Um dia, pra Deus, mil anos…’
    111333 milénios volvidos,
    o sobejamente conhecido poeta,
    um humano dentre os muitos filhos de Abraham,
    sic dixit: Já decorreu o lapso de tempo
    que demorou a extinguir-se a débil luzinha
    provinda da mais longínqua das estrelas;
    tenhamos agora revivida consciência do nosso último destino.
    Os menininhos aprendizes das letras confundiam da cartilha
    o nome impresso do vate, em tudo igual aos muitos mais nomes,
    com o do avô lá de casa ou o da andorinha gémea ou o do fiel canídeo,
    facto que não constituía, para as superiores instâncias, real preocupação:
    Em qualquer parte dos conhecidos planetas
    não escasseava a bambinos
    tempo e tempo pra brincar.
    Hoje em dia pouco ou nada sabemos
    quanto aos pormenores relevantes
    das vidas sumidas dos artistas;
    no respeitante àquele com quem nos ocupávamos
    há a anotar ter passado por uns banais constrangimentos:
    Por não ter escrito nenhum soneto,
    ou por não haver abraçado a sério a carreira diplomática.
    -
    Com ambas as mãos pegando aberto livro,
    a jovem mulher mãe relê a história firmada.
    Perpassa as linhas do texto que voz divina ditou.
    O livro inclui os comuns nomes.
    Tal lapso demora tempos incomensuráveis.
    A franzina leitora esclarece a claridade.
    -
    Angelo Ochoa

    ResponderEliminar