segunda-feira, 21 de setembro de 2009

PAISAGENS PANORÂMICAS


4 comentários:

  1. Pungente entristecer p’la minha terra:
    Subíamos até cimo a rua para a casa da mulher amada.
    Sob nossos passos, p’lo amanhecer, despegava-se palha enlameada.
    Casara, tinha marido e filhos.
    Beijávamos a prima, que, com as tias,
    se encaminhava à oração do terço.
    O pai dobrava-se ao fundo da encosta sobre uns bacelos.
    Estávamos pra retomar o rumo pedregoso
    mai’las santas mulheres.
    De amores idos rasto vão.
    Dizem Senhor, Senhor, mas não vencem O Reino.
    A só amorosa medida os sopesará.
    Conclua-se que deambulávamos nuns sítios
    e acordávamos noutros.

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  2. Enquanto enrolo
    com tabaco
    a dita mortalha
    não fumo por ora
    o fumável cigarro.
    Já me fui fumando
    a vida toda…
    Por outras palavras
    um tal Pessoa disse.
    Morro-me instantes lentos,
    devaneios.
    No vagar de ir
    a paisagens invisíveis.
    Até que pare de subir a água
    a poço da canção,
    e chegue na final estação
    o brinquedo coração.

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  3. A tarde toda o avô contava histórias.
    Aturdidos, ensonados, na infância dos sonhos,
    devorávamos o mel à narrativa, que sempre concluía:
    ’Inda além vai a raposa, a correr a sete pés!
    O avô apontava para um longe.
    Meus olhos arregalavam-se
    para o mais pra lá da abrasada varanda:
    Eram montes sobre montes,
    insolados, quentes, graves dorsos,
    arrasando-os maravilhada aridez.


    (este poema meu foi vivido em Cerejais, meu avô chamava-se Manuel Inácio Ochôa, e foi o maior benemérito da Obra do Imaculado Coração de Maria, vulgo Santuário, que meu vivo tio Nelo, Pe Cónego Doutor em Escrituras Manuel Joaquim Ochôa, sonhou, e, porque sonhou, ergueu...)

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  4. Estas são bonitas, mas para a próxima podia acrescentar uma da vista do miradouro do Calvário.

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