segunda-feira, 21 de setembro de 2009

ARRAIAL: SÃO SEBASTIÃO (20 Janeiro)




Arraial no último fim-de-semana de Julho

2 comentários:

  1. Infâmia:
    Nomes:
    Anne Frank: Amesterdão: A clarabóia, num sórdido sótão,
    dava para as nuvens, substância sonhada.
    O’Neill: Viciosa, indolente existência, anelos da fraternidade.
    Lima: Povoaste com figuras aladas, bailarins, trapezistas
    o horto amargurado.
    Hölderlin: Fundura alemã, sopro criador,
    vinho divino, ancestral angústia.
    Vian: Ligeireza, plumas, golpes dum clarim,
    despedaça-se o verde coração.
    Pagnol: Térrea tua saga, moura, francesa e ociosa.
    Duval: Cantavas: Havia sorrisos que atravessavam a rua.
    Machado de Assis: Excelente tabelião do idioma.
    Brel: Golpeados os fios que moviam a marioneta,
    eis-te em fuga ante ti próprio.
    Junqueiro: Luz mariana e flor d’urze,
    em torno ao simplicíssimo burrico companheiro.
    Teilhard: Anteviste, no coração, a criação, voz do grande Deus.
    Eça: Burilaste a tal ponto o tema,
    que nem das palavras precisavas prà maravilha.
    Bilac: Abraço trouxeste a lado atlântico,
    reuniste o inseparável.
    Senghor: Salmos da África, tambores eclodindo
    antiquíssimos ritmos.
    Pessoa: À leitaria a copos, à literatura a golpes d’asa.
    Rilke: Soturnos anjos a acolhida noite indiciavam carinhos?
    Camilo Castelo Branco: O Verbo esfarelaste, comum banquete.
    Simone Weil: 3 da manhã, grutas ao metro, em Londres,
    com O Cristo Transeunte acamaradaste.
    Kazan: América, os sublimes jogos d’azar.
    Antero: Limpidez, a ideia nova, traída por insanos.
    Agustina: Reerguendo, em painéis, a casa arruinada.
    Jiménez: Moguer tuyo, tu Platero; New York, tu mujer.
    Virgílio: A felicidade pela agricultura, áurea mediania,
    excepcional opção.
    Manoel: Filmaste a cor e luz um Douro duradouro.
    Dante: Ante o fogoso amor continuando a pastorear estrelas.
    Cervantes: Nosso Quixote visionário arremeterá amanhã.
    Teresa d’Ávila: Dizer-te é dizer Deus; e só Deus basta.
    Carlos de Oliveira: Trabalho infindo, infindo verso.
    Florbela: Mulher, a estremecimentos êxtases, só mulher.
    Char: Teia teceste, enoitando insecto.
    Bellow: Àquele que conquistou o mundo que baque inquietante
    lhe diz que algo lhe falta?
    Camões: Rezaste o amor excelente.
    Pascoaes: Peregrino saüdoso, que freme no teu olhar entornado?
    Tojal: Precisaste picuinhas à encavalitada escrita.
    Kafka: Real o ver irreal.
    Hoje a teu pé a noite perturbada.
    Beckett: Absurdo, gratuito grito.
    Federico: Sangre, sol, areia, folhagem.
    Aragão: Não é que o Cristo-Rei se entretem com equilibrismos,
    lançando e aparando no céu vis banquinhos de assento?
    Dostoievski: Universal envergadura eslava, possessos actores.
    Böll: Cataclismos, desumanidade; entreteceres carambolantes prosas.
    Sophia: A perder pra lá a vista,
    na areia a brancura espuma, a onda iluminada.
    Serpa: O que não vias disseste livre.
    Matos e Sá: Perda tua, puríssima perda.
    Saint-Ex.: O principezinho loiro voa, agora noutra, com aviões-correio.
    Rosalia: Sar teu rio, Galiza tua terra, saudade comum dor.
    Cinatti: Nem chegaste a explicitar umas certas coisas:
    Desde o Reino em Timor ao engate da garota inglesinha em Sintra.
    António Maria Lisboa: O exactamente especioso.
    Ruy: O dia a dia dos mil nadas.
    Aleixandre, Vicente: Espanhol camarada, o pó ao volante pé cantaste.
    Al berto: Chagadíssimo clown, algo dói.
    Rimbaud: As vogais: Luzinhas flébeis, embriaguez vadia.
    Green: Levaste a extremo a precisa descrição, sinistra gesta, acossado.
    João XXIII: Entranhas misericordiosas geraram tua simplicidade gorda.

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  2. Brandão: Fundo humo teu drama, porque recôndito bicho metafísico.
    António Machado: Declives áridos, e ermos píncaros,
    correntes riachos, tu Castilla.
    Sena: Raro nome o teu, migrante, riso amaro.
    Régio: Realeza, cumes, dor, abismo, ferida. Deus se te amercie.
    Aquilino: Beirão e lusitano íntegro te quiseste;
    em retalhada escritura te demonstras.
    Pessanha: Ópios dormentes, Oriente, alucinadas infusões.
    Cesário: Delineaste os perfis das nossas ruas;
    percorreste-as, em televisiva reportagem.
    Mozart: Troca as asas aos anjos e executa os imbricados scherzos.
    A. Negreiros: A cores cantaste a náutica Lisboa.
    Caeiro: Respigaste na pastorícia fotográfico arrepio.
    Husserl: O que ante esteve disseste.
    Reis, Ricardo: Jesuítico tu? Castiço, pagão, inopinado.
    Campos, Álvaro: Roldanas, mecanismos, válvulas, engrenagens.
    Shakespeare: Tramas múltiplas, abismos, paixões…
    Porque complicados nos sabias.
    Jesúa: Hoje me abraça o olhar o mundo inteiro.
    J. J. Rousseau: Sente o rumurar a água fluindo?
    G. Bernanos: Demónios, rigor, graça, sombra, claridade.
    Trindade Coelho: Regatos, recônditos recantos,
    trechos de lamúrias, lengalengas, encantatórias fábulas,
    ah, a infância.
    Espinosa: Teu Deus, sive substância, viste.
    Paredes, Carlos: Desfiar lágrimas mel um povo a sul.
    Renoir: As armadilhas, e as artimanhas.
    Afonso Duarte: Montanhês na planura, lavravas versos.
    Neruda: Canto universalmente humano.
    Joyce: Irlandês acabado, dubliner labiríntico.
    Natália: Perpassaste as mãos floridas por papel rugoso;
    por Alcobaça, num tasco, pousaste rascunhos sobre nada.
    Bernardim: Doce tristura, saudosa mágoa,
    alguém a quem terno amor abandonou.
    Eluard: A precisa palavra liberdade.
    Stockhausen: Roem-se-nos imos sons.
    Sati: Pontilha-se cada tecla.
    Sebastião, da Arrábida: Mudavas de camisola,
    saltitavas dum barco para outro,
    apertavas atacadores, trocavas na lapela flor,
    abraçavas ar, água, montanha.
    Pound: Da única gesta itálica universal o melhor fabro.
    Paulo: Tombado a conversão,
    arrasaram-te o entusiasmo e a bênção.
    Pablo: Com rabiscos arquitectaste múltipla completude.
    Chagall: Menino sempre em aldeola, à Rússia dos czares.
    Goethe: Diamante lapidado tua Dichtung.
    George Braque: Interiores iguais a antes,
    pairando cegonhas.
    Cecília: Clássico nos teces o fluir fruído, ingénuo encanto.
    Neto: Preciso de ir para casa,
    mas por aqui perdi caminho;
    dá-me a mão, querida.
    Miguel Ângelo: O humano resumiste para o ver itinerante.
    Vergílio Ferreira: Sobra escrita, sob elo.

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